Brasil ainda engatinha na adoção de TI verde

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Itaú Unibanco, Pão de Açúcar e General Motors desenvolvem iniciativas pioneiras, mas namaior parte das empresas práticas não estão incorporadas às metas de sustentabilidade

 

O setor de tecnologia de informação contribui com 1,4% das emissões de gases do efeito estufa no mundo e 2% do lixo descartado. Dá para entender então porque o conceito de TI verde começa a fazer parte das discussões sobre prática sustentável de produção, gerenciamento e descarte de equipamentos eletrônicos. Em muitos países, pré-requisitos “verdes” já entram nas licitações de organizações públicas e privadas e normas e certificações estimulam a adoção de padrões mais amigáveis na questão ambiental. “No Brasil, no entanto, as iniciativas são pontuais e mais voltadas para a redução de gastos com energia”, afirma Renata Serra, diretora de prática de TI da consultoria Booz & Company. Ela acredita que falta às empresas brasileiras uma clara sinalização no sentido de adotar padrões internacionais de sustentabilidade em TI como parte da estratégia para diminuir suas pegadas de carbono. “Os governos, por sua vez, são importantes para a disseminação da tecnologia verde à medida que são grandes consumidores e podem exigir padrões sustentáveis de produção dos fabricantes”, afirma.

 


Na semana passada, Renata Serra esteve no evento organizado pelo Itaú Unibanco para discutir casos de aplicação de TI verde no Brasil. Empresas como General Motors, Pão de Açúcar e o próprio Itaú Unibanco mostraram os esforços feitos para reestruturar suas operações e equipamentos para enfrentar a questão do aquecimento global. As maiores novidades foram apresentadas por Alexandre Vasconcellos, diretor de TI do Grupo Pão de Açúcar. A rede pretende substituir os computadores por estações thin clients, que geram em torno de 95% de economia de energia. Esses equipamentos sem quase nenhum aplicativo dependem de um servidor central para o processamento de atividades. Vasconcellos calcula que o grupo deverá economizar R$ 4,5 milhões comenergia este ano.

 


Os benefícios financeiros também foram levados em consideração nas outras medidas de TI verde apontadas pelo diretor. O Pão de Açúcar pretende substituir as etiquetas tradicionais por eletrônicas ligadas aos computadores das lojas, emudar o modelo de abastecimento de mercadorias por meio da ferramenta Oracle Retail, permitindo mais precisão no cálculo dos estoques. As medidas vão resultar em menos desperdício, gestão de recursos e economia de energia. “Significa também uma enorme mudança de cultura dentro da empresa”, afirma Vasconcellos. A necessidade de mudar a cultura dos funcionários também foi levantada por Claudio Martins, executivo de tecnologia da GM para oMercosul.Aempresa reduziu drasticamente a quantidade de impressoras de 1,6 mil para 363. Nos últimos oito anos, registrou economia de 168,7 milhões de folhas de papel. “Foi necessário explicar muito bemque amedida não visava apenas a economia, mas tinha relação com o objetivo de utilizar menos recursos do planeta”, explicou.

 


O Itaú Unibanco, que já possui iniciativas de TI verde há bastante tempo, trabalha em quatro campos: eficiência energética, ciclo de vida dos produtos, soluções verdes para a cadeia produtiva e processos de trabalho. “Aproposta é estratégica para o banco”, afirma João Bezerra Leite, diretor de infra-estrutura e operações de TI. O banco adotou a virtualização de servidores e desktops, monitores LCD e equipamentos mais eficientes. O próximo passo será a instalação de 18 salas de telepresença, conectando operações para reduzir deslocamentos e redução de emissões de dióxido de carbono (CO2). Ele já dispõe de 40 salas de videoconferência e um serviço de descarte de lixo eletrônico para reciclagem.

 


CONCEITO AMPLO

 

Projeto implica mais ações que redução de uso de energia

 

Que empresa não se interessa em tornar a sua atividade mais eficiente com menos recursos? Nesse sentido, não é difícil convencer os setores decisórios a adotar medidas que diminuam significativamente o uso de energia por meio de inovações
da tecnologia de informação. Mas, como explica Renata Serra, da Booz & Company, essa é apenas uma parte do projeto de TI verde. “É importante avaliar outros aspectos como o ciclo de vida dos equipamentos, que vai da extração de  matéria-prima para a sua fabricação até a destinação ambientalmente adequada dos materiais, a utilização de arquitetura e processo que permitam uma maior vida útil das tecnologias e o tipo de aplicação.” Renata dá um exemplo: “O uso de teleconferências não é apenas uma forma de reduzir custo, mas de diminuir o uso de combustível e transporte com os deslocamentos.” Isso, diz a especialista, tem que estar integrado às metas da empresa.

 


O EXEMPLO DE CADA UM

 

1 Pão de Açúcar instala estações thin clients

Rede de supermercados substitui computadores por equipamentos sem nenhum sistema operacional que dependem de servidor central

 

2 GM economiza papel para impressão

Montadora registra economia de 168,7 milhões de folhas em oito anos ao reduzir de 1,6 mil para 363 impressoras nas fábricas.

 

3 Itaú Unibanco investe em mais tecnologia

Banco expande capacidade dos data centers, troca monitores de computadores e reduz transporte com teleconferências.

 


Veículo: Brasil Econômico


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