Companhias investem em sistemas para unir o mundo real ao virtual

Leia em 4min 10s

Integrar os mundos real e virtual é um desejo do ser humano explorado centenas de vezes pela literatura, cinema, televisão e internet. No dia a dia, entretanto, essa mistura tem esbarrado em limitações tecnológicas que tornam a experiência não muito agradável e que acabam adiando a concretização deste sonho.

 

Mas a rápida evolução da internet e a popularização das câmeras digitais está deixando cada vez mais próximo o momento em que o real e o virtual irão se misturar da mesma maneira - ou até melhor - do que o que foi tantas vezes previsto pela ficção científica.

 

Muito utilizadas no Japão, Estados Unidos e Europa atualmente, duas inovações estão criando expectativas e movimentando o mercado de tecnologia também no Brasil: a realidade aumentada e os Quick Response Code (QR Code).

 


Os dois sistemas têm funcionamento muito parecido. Um código impresso em uma folha de papel ou outra superfície é captado pela câmera de um celular ou uma webcam e convertido por um software específico em uma animação, texto, ou link de internet. O que diferencia uma da outra é a sua aplicação. "A realidade aumentada é mais dinâmica, permite mais interação. O QR Code tem uma característica mais informativa", diz Gustavo Colossi, diretor de marketing da GM.

 

No começo do ano, a montadora usou a realidade aumentada na campanha de lançamento do Vectra GT Remix, carro voltado para o público jovem. A proposta era permitir a interação do internauta com um jogo de corrida usando o anúncio impresso em uma folha de papel como volante. Quem completasse o trajeto de forma correta ganhava acesso a uma música exclusiva em formato MP3. Em quinze dias, foram feitos 20 mil downloads, quantidade planejada para dois meses, segundo Colossi. "Valeu o investimento adicional de apostar em algo novo", diz. De acordo com ele, a tecnologia foi apresentada à montadora por sua agência de publicidade no fim de 2008.

 

Quem também está apostando na realidade aumentada é a construtora Tenda, voltada às classes C e D. A ideia, segundo a empresa, é oferecer aos clientes uma opção para visualizar a arquitetura, infraestrutura e decoração dos projetos imobiliários.

 

Leonardo Dias, diretor da Taxi.Labs, afirma que um projeto de realidade aumentada pode começar custando menos de R$ 20 mil e fica mais caro dependendo do tipo de interação e conteúdo que será apresentado. Em um primeiro momento são criados os conteúdos em duas, três dimensões, ou vídeo. Depois com sistemas específicos é desenhada sua interação com a realidade.

 

Para Marcio Aguiar, consultor de tecnologia da Absolut Technologies, o uso da realidade aumentada como ferramenta de marketing representa apenas 10% do que a tecnologia permite fazer. Segundo ele, a empresa já fez um projeto que misturou realidade virtual e aumentada para a instalação de um novo equipamento no chão de fábrica de uma montadora. "Ainda deve-se ouvir muito sobre o assunto nos próximos dois anos", diz Aguiar. Neste prazo, a realidade aumentada ainda deve ser adicionada aos sistemas da AutoDesk, desenvolvedora do software de engenharia AutoCAD. "É a evolução do desenho em três dimensões", diz Acir Marteleto, diretor geral da empresa.

 

Já o QR Code pode ser considerado a evolução do tradicional código de barras. Desenvolvida no Japão, a tecnologia já é aplicada em remédios, eliminando a impressão de bulas; em produtos alimentícios e até em anúncios de emprego que ficam nas paredes das estações de metrô em Tóquio. Algumas empresas, como a fabricante de celulares Nokia, já substituíram o código de barras pelo QR Code na fabricação de seus produtos.

 

No Brasil o sistema desembarcou oficialmente em 2007 pelas mãos da rede varejista Fast Shop. Uma série de anúncios da empresa trazia o código QR. Ao apontar a câmera do celular para a página, o leitor era enviado ao site da empresa, onde estavam anunciadas as ofertas. Eduardo Novogrebelski, diretor de operações da agência de comunicação Dentsu, chama atenção para o fato de o QR Code ser uma tecnologia barata, que permite a criação de campanhas publicitárias econômicas e abrangentes, uma vez que o código pode ser levado a diversas pessoas. "Falamos de um investimento de milhares e não milhões de reais", diz.

 

No fim do ano passado, a operadora Claro também aderiu ao novo código. A tecnologia foi usada na campanha de Natal e acabou sendo adotada em seu programa de relacionamento com os assinantes. O cartão enviado aos clientes tem um código QR que tem a função de levá-lo a um site da empresa, mas que no futuro também poderá ser usado para a oferta de benefícios.

 

Colossi, da GM, afirma que a empresa avalia o uso do sistema, e que até o fim do ano a montadora pode aderir ao conceito.

 

Veículo: Valor Econômico


Veja também

PagSeguro vira ferramenta da Casas Bahia

Braço de negócios do grupo Universo On LIne (UOL), a empresa PagSeguro acaba de implementar para a maior r...

Veja mais
Varejo online tem briga acirrada

Lançamento de sites ajudou o comércio eletrônico a registrar aumento das vendas.   A entrada ...

Veja mais
Venda pela internet aumenta 25%

Redução do IPI, concorrência e entrada de novas empresas no setor aquecem mercado   A entrad...

Veja mais
Marabraz, Eletro Shopping e Cybelar miram "e-commerce"

Por ser um dos segmentos do varejo que indica ter mais força de crescimento, o comércio eletrônico (...

Veja mais
Celulares viram cartão de crédito

Uso do telefone como meio de pagamento, popular em países como o Japão, começa a ganhar espaç...

Veja mais
Casas Bahia em cena. Com dedicação total à web

Desde fevereiro, o varejo tem um novo e grande concorrente online. A Casas Bahia entrou no e-commerce já com expe...

Veja mais
Pro Teste aprova compras feitas em supermercados pela internet

Fazer compras pela internet pode ser uma boa opção para quem tem problemas de locomoção ou n...

Veja mais
Carrefour e IBM

O Carrefour assinou um contrato de € 180 milhões com a IBM , válido por cinco anos. A empresa vai ass...

Veja mais
Supermercado aposta na tecnologia

Aportes em softwares e hardwares chegam a consumir 5% do faturamento das grandes redes de Minas.   O setor superme...

Veja mais