A associação entre Cosan, Camil e o Gávea Participações na consolidação de uma nova empresa de alimentos de peso no país marca o fim de uma etapa para a Cosan, que passa a se posicionar definitivamente como uma companhia de energia e infraestrutura. Mas isso não quer dizer que a antiga "gigante sucroalcooleira" deixou de se importar com o setor de alimentos, disse o presidente de seu conselho de administração, Rubens Ometto Silveira Mello, ao Valor.
"Essa empresa ficará mais robusta. Tem um plano forte de abrir capital", afirmou o empresário. Ometto ressalvou que não há prazo definido para a operação. Segundo acordo confirmado ontem, a Cosan passará a ter uma participação de 11,72% na "nova" Camil; o atual bloco de controle da Camil ficará com 60,25% e o Gávea terá 28,03%.
Maior beneficiadora de arroz e feijão do país, a gaúcha Camil passará a trabalhar com as marcas de varejo de açúcar da Cosan (União e Da Barra). Há quatro anos a Camil iniciou um processo de internacionalização com aquisições de empresas no Uruguai, Chile e Peru; em 2011, entrou no segmento de pescados em conserva com a aquisição da catarinense Femepe, dona das marcas Alcyon e Pescador, e no ano passado comprou a marca de pescados Coqueiro, que pertencia à múlti americana PepsiCo.
Ometto disse que, agora, a Cosan não tem intenção de promover qualquer outra grande mudança em seu "portfólio", o que sugere que nada mudará na Radar, empresa que atua no mercado de terras. "A Radar é estratégica para a Cosan. Qualquer expansão da atividade, como a construção de um greenfield [indústria nova], demanda terras próprias", avalia.
Pela associação com a Camil, a Cosan deve receber um valor bruto de R$ 345 milhões (ajustado pelo CDI) em até três anos. Desse total será subtraída a dívida da Cosan Alimentos. Esse valor líquido não foi calculado, mas o diretor de relações com investidores da companhia, Marcelo Martins, disse a analistas que deverá ficar entre R$ 240 milhões e R$ 250 milhões. Conforme o CEO da Cosan, Marcos Lutz, a sinergia da associação deverá chegar a R$ 50 milhões por ano, oriunda sobretudo da área operacional - incluindo compartilhamento de frete, marketing de ponto de venda e uso de crédito fiscal.
Lutz acrescentou que a empresa resultante da associação de ativos deverá alcançar um faturamento total de R$ 3 bilhões. No exercício encerrado em 29 de fevereiro de 2012, a Camil registrou receita líquida de R$ 1,8 bilhão, 26,81% maior do que no ano fiscal anterior. O lucro líquido foi de R$ 73,8 milhões, 30,8% superior na comparação.
Veículo: Valor Econômico