Apesar de aumentar vendas, Suzano registra prejuízo

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Como o mercardo todo esperava, a virada cambial não poupou também a Suzano Papel e Celulose. Apesar do conservadorismo administrativo, a empresa não conseguiu reduzir o impacto contábil da valorização do dólar em seu balanço e encerrou o terceiro trimestre com um prejuízo de R$ 293 milhões, ante um lucro de R$ 168 milhões obtidos no terceiro trimestre de 2007. Mas as más notícias pararam por aí. A empresa, ao que tudo indica, conseguiu driblar os primeiros efeitos da crise mundial dos últimos meses e encerrou o terceiro trimestre do ano com um recorde de produção, em 694,7 mil toneladas de papel e celulose de mercado, 59% a mais que em igual período de 2007. Além disso, também bateu recorde de vendas, 306 mil toneladas de papel, 6,25% a mais que os 288 registrados no mesmo período de 2007, com receita líquida de R$ 989,6 milhões, 21% acima de 2007.

 

A geração de caixa, ou Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi 37% maior, passando dos R$ 266 milhões no terceiro trimestre de 2007 para R$ 365 milhões este ano. "Mesmo em um ambiente instável, conseguimos obter bons resultados", disse o diretor de estratégia e novos negócios da Suzano, André Dorf, acrescentando que a exposição da empresa em derivativos diz respeito exclusivamente a operações de hedge para proteção. "Não trabalhamos com derivativos exóticos".

 

Com isso, a Suzano encerra os nove primeiros meses com uma receita líquida de R$ 2,9 bilhões, 21% acima de 2007. O resultado do último trimestre reduziu o lucro acumulado no ano em 95%, para R$ 21 milhões. O endividamento da empresa acumulado subiu 11%, passando de R$ 4,2 em 2007 para R$ 4,6. A empresa, no entanto, afirma ter uma disponibilidade de R$ 1,7 bilhão em caixa.

 

De acordo com o presidente da Suzano, Antonio Maciel Neto, a demanda por celulose, que vinha subindo, começou a arrefecer nos últimos meses, especialmente na China. Com isso, os estoques mundiais subiram de 40 dias para 45 dias. Mesmo assim, a Suzano conseguiu remanejar suas vendas para a Europa, o que elevou sua participação nas vendas externas da Suzano de 56% para 67%. Mas a mesma variação cambial que pegou por um lado deve devolver do outro. Segundo Maciel, a empresa elevou sua posição no dólar futuro de US$ 280 milhões no final do segundo trimestre para US$ 500 milhões, no final de setembro .

 

Mas o que pode se tornar um grande diferencial para a Suzano, por ironia, é justamente a área que seus concorrentes desprezaram nos últimos anos, o papel. Segundo Maciel Neto, enquanto os preços da celulose caem no mercado internacional, as margens no papel começam a crescer. "E é nesse segmento que temos uma boa participação com uma marca forte (Report), canais de distribuição e forte estrutura", explica.

 

O diretor financeiro, Bernardo Szpigel acrescenta que papel é um negócio regional e depende de taxas de crescimento da economia. "E nos últimos anos a América Latina começou a crescer e esse negócio começa a ganhar força agora", explica. "Tanto que o segmento de revestidos cresce a taxa de 26% em relação ao ano passado", completa Dorf.

 

Com o pior fase da crise superada, a empresa já começa a traçar os planos para 2009. Assim como outra papeleira, a Klablin, a Suzano diz que vai controlar bem o caixa. Os investimentos em manutenção serão mantidos, bem como os de base florestal dos empreendimentos anunciados em 2008. Mas a terceira ponta de recursos, que seriam aplicados em novas unidades e expansões, estes serão bastante reduzidos, disse Maciel, sem definir valores. Quanto aos maiores investimentos destinados ao Piaui e Maranhão, Maciel diz que a empresa só vai decidir depois de 2011.

 

A crise, porém, pode se converter em um momento de oportunidade para a Suzano, que não descarta oportunidades de consolidação. "A consolidação é muito boa para o setor, que é muito pulverizado e estamos nos preparando para isso", disse o executivo, citando a criação da diretoria assumida por Dorf. Maciel, porém, evitou comentar a fusão de Votorantim Celulose e Papel (VCP) e Aracruz que criaria a maior empresa de celulose do País e todos os problemas que surgiram colocando o negócio em compasso de espera. Só disse que o negócio, nos moldes que foi feito, de controle compartilhado não interessou à Suzano, assim como ocorreu na área de petroquímica.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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