Chuvas no Sul param setores têxtil e cerâmico

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Diversas indústrias do setor produtivo do sul do País continuam sofrendo impactos das chuvas que castigam o Estado de Santa Catarina. Segundo o diretor de Relações com a Indústria da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Henry Uliano Quaresma, os setores têxtil e de cerâmica são os mais afetados. Além do corte de fornecimento de gás - interrompido devido ao vazamento no gasoduto Brasil-Bolívia, provocado pelas tempestades -, muitas companhias, não estão conseguindo normalizar as operações, já que seus funcionários não conseguem chegar ao local de trabalho. Há também dificuldade de escoamento da produção, que deverá trazer ainda mais prejuízos para as companhias.

 

No setor têxtil, empresas como a Hering, Marisol, Teka, Buettner, Coteminas, Dudalina e Karsten foram afetadas pelos estragos das enchentes causadas pelas chuvas e contabilizam prejuízos na ordem de R$ 10 milhões por dia. Já as fábricas de cerâmica, dependentes de gás para o funcionamento dos fornos, afirmam que o prejuízo do setor pode chegar a R$ 7 milhões por dia.

 

A Hering foi uma das indústrias têxteis atingidas. A matriz da companhia, que está localizada na cidade de Blumenau, uma das cidades catarinenses mais afetadas, ficou com a produção paralisada durante um dia e meio. Durante a terça-feira, as operações funcionaram parcialmente. A expectativa era de que a produção e escoamento da produção da unidade produtiva fossem normalizados ontem. Segundo o vice-presidente e diretor de Relações com os Investidores da companhia, Fabio Hering, a empresa não teve prejuízos significativos, apesar do corte de fornecimento de água, gás e energia elétrica, além da dificuldade de chegada dos funcionários da Hering ao local de trabalho. "Esperamos poder operar normalmente, mas ainda não sabemos se será possível a locomoção de todos os funcionários", afirmou Hering. No início da tarde de ontem, uma funcionária da empresa informou ao DCI que grande parte dos funcionários não havia ido trabalhar. A unidade em Santa Catarina da empresa é responsável por 40% da produção de peças da companhia e por 55% da receita. Para suprir o abastecimento de gás, a companhia está com um caminhão da Ultragás parado em sua unidade desde segunda-feira, que fornecerá gás à empresa durante sete dias. Segundo o vice-presidente da Hering, o fornecimento de energia de alta tensão já está normalizado. "Um dos prejuízos foi ocasionado pelos deslizamentos que acabou sujando as nossas instalações", disse o executivo.

 

Já a Teka, fabricante têxtil, cuja unidade matriz também está localizada em Blumenau, não sofreu nenhum dano físico graças a um muro de contenção contra cheias. Mesmo assim, de acordo com Marcelo Stewens, diretor de Comércio Exterior e Relações com o Mercado da empresa, a Teka está sendo atingida. "No cenário geral, somos atingidos sim, porque os nossos funcionários foram muito." Na terça-feira, 30% dos funcionários da unidade não foi trabalhar. Ontem, o número já havia aumentado para cerca de 70%. "Também fomos atingidos porque não consigo mandar nenhum produto e nem receber matéria prima na fábrica, desde segunda-feira." A fábrica da Teka de Blumenau responde por 35% da produção total da empresa.

 

Enquanto isso, o setor de cerâmica está com a produção praticamente inoperante. Na cidade de Criciúma e proximidades, empresas como a Eliane S.A., Pisoforte, Cecrisa, Angelgres, Gabriela, Gisélia, Itagres e Cejatel estão sendo afetadas pela interrupção do fornecimento de gás e a dificuldade de escoamento da produção. Ainda na região Sul do país, as empresas Portobello e Casagrande também já foram afetadas. A fabricante Pisoforte Revestimentos Cerâmicos, apesar de não ter sido afetada diretamente com a chuva, teve problemas com o fornecimento de gás. "Por dia, a Pisoforte está tendo um prejuízo de R$ 250 mil, comprometendo a produção de 30 mil metros quadrados diários", afirmou Madelaine Galli, gerente de Marketing da companhia. Segundo ela, a empresa precisará de 30 dias para conseguir recuperar os estoques. "A exportação já esta sendo 100% afetada. Nós não conseguimos chegar nos portos porque as rodovias estão fechadas e o porto também foi afetado. Não haverá retomada imediata da exportação porque não teremos estoque", disse. Cerca de 25% do faturamento será afetado, já que a companhia não conseguirá atender a carteira de pedidos.

 

A Eliane S.A., empresa de revestimentos cerâmicos que tem unidades em Cocal do Sul e Criciúma, em Santa Catarina, comunicou que as duas unidades estão completamente paradas desde segunda-feira. Em princípio, as fábricas não têm alternativas ao fornecimento de gás. No momento, a empresa conta com um caminhão de GLP que abastece somente um forno da fábrica. O presidente da Eliane S.A., Otmar Muller, que também é presidente do Sindicato das Indústrias de Cerâmica para Construção e Olaria de Criciúma e Região (Sindiceram), esteve ontem em uma reunião com o governador do estado de Santa Catarina, Luiz Henrique Silveira, quando entregou uma carta com reivindicações do setor, em Blumenau. "Não há caminhões e nem GLP suficiente disponível no mercado para abastecimento das fábricas", afirmou.

 

Falta de gás

 

O corte de abastecimento também afetou a produção da unidade da siderúrgica Gerdau no Rio Grande do Sul, que já reduziu parte das atividades nas áreas de produção das fábricas de Charqueadas e Sapucaia do Sul, anteciparam manutenções e transferindo produção de alguns produtos para outras unidades industriais da Gerdau. As unidades produzem, respectivamente, aços especiais e longos. A empresa, em comunicado, que os clientes seguem sendo atendidos normalmente.

 

A petroquímica Braskem, também afetada com o corte do fornecimento de gás, passou a comprar energia elétrica da AES. "A nossa matriz também é muito flexível. Nós também podemos produzir energia com outros insumos energéticos", afirmou o gerente de Relações Institucionais do Sul, João Freire.

 

Veículo: DCI


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