A chuva que começou a cair há dois dias no Paraná trouxe alívio aos produtores de grãos, que aguardavam ansiosamente o retorno da umidade para acelerar o plantio. A semeadura de soja está oficialmente liberada desde ontem, mas a de milho já tinha sinal verde desde o fim de agosto. Entretanto, como em muitas regiões não caía uma gota do céu há mais de 60 dias, o início dos trabalhos estava em suspenso.
Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura do Paraná, cerca de 10% da área que será destinada ao milho nesta safra 2012/13 já foi semeada. O número está bem aquém dos 30% que já haviam sido plantados no mesmo período do ano passado, quando estava em jogo a semeadura do ciclo 2011/12, e dos 21% da média das últimas três safras.
"Não há mais condições ideais de plantio, mas também é cedo para falar em quebras. Em um primeiro momento, a preocupação é com perda de produtividade", avalia Marcelo Garrido, economista do Deral. Segundo ele, os agricultores preferem apertar o passo para reduzir os riscos na safra de inverno - que, iniciada mais cedo, minimiza a exposição das lavouras às geadas.
Em Ponta Grossa, cidade que deve responder pela maior área cultivada de milho no Paraná, a semeadura está praticamente na estaca zero. "Alguns se arriscaram a plantar quando veio uma chuva dias atrás, mas já dizendo que, se o milho não vingasse, plantariam feijão em cima", conta Gustavo Ribas Neto, presidente do sindicato rural local.
Os mapas climáticos indicam precipitações para esta semana, ainda que localizadas, o que deve animar os produtores a iniciar os trabalhos com mais firmeza. Por ora, as previsões apontam chuvas mais abundantes apenas entre o final de setembro e início de outubro. "Com a umidade se estabelecendo, mesmo de forma incipiente, o agricultor não vai perder tempo, porque tem um zoneamento a cumprir e insumos já comprados", afirma Garrido.
O Deral estima uma área de 850 mil hectares para o milho no Paraná, queda de 13% ante o ciclo anterior, e uma safra 4% maior, de 6,83 milhões de toneladas.
Em Mato Grosso, onde temia-se que o tempo seco pudesse postegar o plantio de soja, voltou a chover no início da semana em importantes municípios produtores, como Primavera do Leste, Rondonópolis, Sorriso e Campo Verde - neste último já existem, inclusive, relatos de que o plantio já começou. A projeção do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) é que o Estado produza 24,1 milhões de toneladas de soja em 2012/13, alta de 13% ante o ciclo passado, em uma área 11% superior, de 7,9 milhões de hectares.
Ainda que haja atraso no início da safra, os produtores esperam que possíveis perdas de rendimento sejam compensadas pelos preços no mercado internacional, que seguem em níveis excelentes, favorecidos pela quebra causada pela seca nos EUA. Ontem, na bolsa de Chicago, os contratos de soja para janeiro (que ocupam a segunda posição de entrega, normalmente a de maior liquidez) sofreram uma realização de lucros e recuaram 3% (51,50 centavos), a US$ 16,1775 por bushel. Os papéis de milho para março caíram 1,21% (9,25 centavos), a US$ 7,4950 por bushel.
Veículo: Valor Econômico