As chuvas fortes e intermitentes que assolam Minas Gerais há cerca de uma semana poderão trazer mais prejuízos para os produtores de leite em função da dificuldade de captação por parte de empresas e cooperativas mineiras. Mas mesmo com a perspectiva de redução no volume do leite fornecido aos laticínios, não existem ainda estimativas de aumento nos preços.
De acordo com o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim, os transtornos são pontuais, principalmente em regiões montanhosas do Estado que possuem estradas vicinais em péssimas condições de conservação, criticou. "Um bom exemplo são as estradas da Zona da Mata, onde muitos barrancos começaram a cair e interromper o trânsito", alertou.
Além desse problema, alguns rios do Estado estão inundando cidades ribeirinhas e este cenário afeta a captação de leite, afirmou Alvim. "Em regiões mais montanhosas a captação está mais complicada, com o produtor sendo obrigado a utilizar trator para fazer com que o leite possa chegar até os caminhões de coleta. Não é uma questão que vai gerar desabastecimento, mudança nos preços e nem necessidade de jogar leite fora", avaliou.
Mesmo com o transporte improvisado do leite até o caminhão de coleta, o dirigente afirmou que não existe risco de perda de qualidade do produto. "O produtor retira o leite da propriedade (da câmara de resfriamento) com cerca de 4 graus e o transporta até o caminhão, chegando a uns 6 graus em média, sem comprometer a qualidade. Ainda é cedo para se fazer um diagnóstico sobre o assunto e todo ano ocorrem problemas com excesso de chuva, que é um cenário recorrente para o produtor neste período", afirmou.
Segundo o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado de Minas Gerais (Silemg), Celso Costa Moreira, há informações de alguns laticínios que apontaram dificuldade de captação na região da Zona da Mata nos últimos quatro dias, em função da precariedade das estradas que dão acesso às propriedades, salientou.
Preços mantidos - Porém o dirigente afirmou que o cenário não é nada anormal para o período do ano, o que certamente não irá gerar alteração no mercado de lácteos. "As empresas estão com estoques abastecidos e, até o momento, nada indica alteração nos preços do leite no mercado. O abastecimento continuará e a captação deverá ser normalizada", projetou.
Mesmo com estradas intransitáveis e pontes rurais caídas, muitos produtores possuem tanques de resfriamento nas propriedades, impedindo que o leite seja perdido no curto período. "O cenário ainda não está em um patamar que possa deixar o setor em alerta. Os preços, por sua vez, estão entre R$ 0,45 e R$ 0,60 por litro no Estado", destacou.
Veículo: Diário do Comércio - MG